Medina Dugger é uma fotógrafa norte-americana que atualmente reside em Laos, Nigéria. 

Ao se mudar para o país africano, a fotógrafa se encantou com o universo de cores, estilos de tranças e adornos usados pelas mulheres do país. Mas foi apenas ao ter contato com o trabalho fotográfico de J.D. Okhai Ojeikere (1930-2014), um dos mais importantes fotógrafos africanos do Século XX, que compreendeu a importância e valor destes penteados. 

Dugger compreendeu através das imagens captadas na segunda metade do Século XX por Ojeikere que cada penteado carregava um significado para quem o usava, como o seu status civil ou social, a ocasião social ou celebração em que estava presente, a da região a qual fazia parte e o mais importante: que o fotógrafo fez tais registros para documentar e preservar a cultura do país diante do mundo globalizado que se aproximava e ditava a moda dos cabelos alisados. 

Medina Dugger e Wunika Mukan, produtora cultural e curadora nigeriana, trabalharam juntas para chegar ao conceito final do “Chroma:An Ode to J.D. 'Okhai Ojeikere”: valorizar a mulher nigeriana do início do Século XXI através dos seus penteados, acessórios, histórias e cores.

Enquanto as imagens de Ojeikere eram em preto e branco, as de Dugger trazem uma explosão de cores e de movimento. E apesar de décadas separarem os olhares destes dois fotógrafos e de muitos dos significados dos penteados terem mudado ao longo dos anos, dois sentimentos os unem: 

1) O afrocentrismo. Há a vontade de ambos preservarem e enaltecerem a cultura africana e, em especial, a da Nigéria; 

2) E questionarem padrões de beleza europeus impostos pela globalização em detrimento dos padrões locais. 

VALE A LEITURA: Entrevista com a fotógrafa para a revista TRIP, em 2017, onde ela conta mais detalhes sobre a concepção do projeto.

Lembra quando falamos: “Não importa se o seu tema é ou não original, mas sim se a sua narrativa visual é”.

Pois a homenagem da Dugger faz exatamente isso. A fotógrafa não tenta trazer originalidade, mas sim contribuir com seu olhar e abordagem ao trabalho de Ojeikere.

Também já falamos disso: a fotografia documental não se limita à captura do “instante decisivo”. Ela também é formada por imagens posadas, em estúdio, com uso de flash e pós-produção (edição). 

O professor Osvaldo Santos Lima é maior defensor de que a fotografia de moda e a fotografia documental são duas áreas que conversam o tempo todo entre si (quem tá no curso fotodocumental sabe disso!). E essa foi uma grande contribuição que Dugger trouxe: sua experiência com fotografia de moda às imagens do “Chroma”.

Ela não abordou apenas os penteados e adornos, mas também teve um grande cuidado na produção visual como um todo: cores, poses, ambiente, vestimenta das modelos, pós-produção etc.

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Até a próxima!