O medo do flash

2 de julho de 2022

Esta foi a foto que fizemos na aula de hoje do Curso Anual Profissionalizante de Fotografia. Com dois flashes na esquina da escola.

Ali, para os alunos atentos, expliquei que aquele momento era a consolidação de uma ideia que havíamos discutido na sala de aula. Tudo já havia sido pensado, planejado e, portanto, a foto seria feita em minutos.
O que eles viam a olho nu e o que eu via pelo visor da câmera não representava o que tinha sido planejado. Eram 10 horas da manhã de um dia muito iluminado. O que vemos aqui está longe do que víamos ao vivo. Esta distância entre visor e resultado, entre olho nu e fotografia é, sem a menor sombra de dúvida, a grande dificuldade de se usar o flash. Porém, também a sua maior beleza.

Ser fotógrafo não é dominar a câmera. Ser fotógrafo está mais ligado ao domínio da luz e a capacidade de criar uma atmosfera visual. Amo a luz contínua e seu mistério mas não posso não fotografar quando a luz que existe é feia! Como profissional o que eu faria? Sentaria e esperaria Deus se comover com meu desespero e mudar a luz? Não.
Há momentos para a luz natural, para luz contínua e outros que somente o flash consegue assinar esteticamente. Assinatura esta que é peculiar à fotografia. Que lhe concede identidade pois nenhuma outra área imagética conta com a possibilidade de uso do flash. Nem cinema, nem vídeo. Podemos comungar câmeras, lentes, sensores com outras áreas. Mas o flash é nosso. Somente nosso. E o que é apenas nosso ajuda a determinar nossa identidade como linguagem.

Ao se dizer "não gosto de usar flash" o fotógrafo adere ao velho dogma da luz natural ou apenas não sabe usá-lo.
Estudar fotografia não passa por manuais ou equipamentos. não me refiro ao flash como um acessório de iluminação. Seria como falar da tinta óleo e da tela de linho desconsiderando suas inferências estéticas sobre a história da pintura.

O flash deixa claras marcas de realização que podem ser negadas por opção mas nunca por ignorância.

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