Usei a melhor lente do Mundo - da Leica - em uma Nikon

20 de outubro de 2020

Eu já havia testado uma lente Zeiss na Nikon Z7 mas foi a primeira vez que testei a Summicron 35mm da Leica nela. Esta lente é famosa e talvez uma das melhores lentes da Leica.

Coloquei ela na Z7, Mirrorless da Nikon de 47Mp, com um adaptador Novoflex de boa qualidade. O adaptador deve garantir o paralelismo dos elementos óticos com o plano do sensor. Um adaptador mal construído é prejudicial à qualidade de nitidez. O que, usando este tipo de lente, seria como passar vaselina na objetiva.

Uso a 35mm no corpo de uma Leica M-P que adoro. Foco fácil, fotometria ao estilo Leica - sempre voltada para as altas luzes - etc. Mas a Z7 é conhecida, assim como a D850, por ter um sensor maravilhoso. Unir este sensor à qualidade Leica claro que deixa qualquer um feliz.


Porém a usabilidade é exigente. Vamos lá:


1. "Cadê o fotômetro que tava aqui?!"

O fotômetro manual não aparece. A régua do fotômetro fica desligada. Impossível ler o fotômetro no manual. E eu sou super acostumado a usar manual com fotômetro spot. Quem foi meu aluno sabe o porquê. Isso me leva a ter que usar a prioridade de abertura e partir para o compensador de exposição girando-o para mais ou para menos dependendo da compensação pretendida.


2. Impressões Modo A/AV


Ao usar o Modo A/AV e o compensador isso me obrigou a prender a exposição (AE lock) pois estava usando o fotômetro spot.


3. E o foco?

O foco é manual. Ok, tudo bem. Na Leica também o é. Mas nela, temos uma auxiliar de foco “fantasma” que faz ser muito fácil e preciso focar. 

A Nikon tem aquelas linhas que ficam vermelhas (e de outras cores que você escolher) ao redor do objeto focado. Como é muito comum nas câmeras de vídeo. Mas aqui é péssimo. 

Não funciona bem com a lente da Leica. É como se a Leica tivesse um curso de foco mais preciso. O que me obrigou em todas as fotos a fazer foco usando um recurso de zoom. Ou seja, apertava zoom e, por meio de uma imagem aumentada da cena (muito aumentada), eu fazia o foco com precisão. Caso ao contrário era impossível acertar o foco manual pelo visor eletrônico da Nikon. E eu não sou apreciador de visores eletrônicos. Amo visores reflex ou de telêmetro como o da leica Leica e da fuji X100.

Em suma, o que para mim é super rápido em uma reflex como fotometrar pontualmente, compensar, focar e enquadrar no conjunto Leica+Nikon se tornou no mínimo 4 vezes mais lento.


O resultado visual?

Perfeito, lindo e maravilhoso. Não pelo fotógrafo que não melhora nem piora por conta do equipamento. Mas pela qualidade da ótica. O foco da Leica é realmente diferente. Pude sentir isso pelo visor da Nikon. De uma precisão absurda mas por isso exige mais acuidade do usuário do conjunto Leica+Nikon. Com o fotômetro fui me acostumando. Sou chato com fotometria. Ser criado em cromo faz com que a gente seja assim. E no digital continuo. E, na verdade, sou chato em quase tudo não somente na fotografia.

A grande questão aqui é o “time”. Nunca usaria este conjunto para fotografia de rua. NUNCA.

Seria insano. Nunca usaria para fotografia documental - ah, falando nisso abro turma nova no início do mês - e sua exigente rapidez de raciocínio. O que adianta sentir e pensar rápido se a câmera é lerda. Mas usaria o conjunto para fotografia de paisagem, detalhes e retratões documentais posados e bem articulados de luz. Algo que a extrema qualidade fizesse sentido e o tempo pudesse ser colocado em segundo plano.

Para ser sincero ainda me sinto mais confortável com uma mono-reflex da Nikon - me perdoem os que não gostam da marca - do que com qualquer outra câmera. A Leiica M é confortável também. Exige mais pelo seu foco manual, mas seu visor é ótimo. A Nikon Z com a objetiva Leica entrega uma cor - o vermelho da lente da Leica não existe em outra lente, não mesmo - que nunca vi igual.

Ao fim da experiência do dia posso afirmar o que todos nós sabemos. Nenhuma câmera é perfeita. Nenhuma marca é totalmente satisfatória. As vezes um iPhone resolve a parada. As vezes não fotografar resolve. O que importa é que nós adoramos fotografar, falar de fotografia e cultivar as boas relações pessoais que a fotografia nos proporciona.


Saudações fotográficas, 
Professor Osvaldo Santos Lima 


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